sexta-feira, 25 de março de 2011

Gravadora que revelou a 'antiestrela' Rebecca Black está em busca do novo Justin Bieber

RIO - Você já ouviu falar em Kaya? Madison Bray? E de CJ Fam? Não? Ok, mas se você ficou de bobeira pela internet nos últimos dias, provavelmente tropeçou no nome de Rebecca Black - a cantora adolescente que virou hit no YouTube com o pitoresco clipe de "Friday" (assista ao lado). Considerada "a pior música de todos os tempos", a canção pop de letra oca e vocais cobertos de autotune alcançou mais de 7 milhões de visualizações no site de vídeos em apenas um mês e Rebecca ganhou diversas homenagens - em blogs, tumblrs, resenhas jocosas, nos Trending Topics do Twitter e em paródias - sendo alçada ao posto de "meme" na internet.

Se a cantora de apenas 13 aninhos não chamou atenção pela qualidade musical, conseguiu fama instantânea por causa do festival de bizarrices que é o vídeo de seu primeiro single. A pergunta que surge ao assistir às cenas da pouco desenvolta Rebecca fingindo estar se divertindo muito ao cantar versos como "ontem foi quinta-feira / Hoje é sexta / Amanhã é sábado / e domingo vem depois" é uma só: De onde saiu isso?

A resposta é "Ark Music Factory", um recém-nascido selo que, mesmo sem o apoio de uma grande gravadora, investe na produção em série de jovens talentos em busca do Justin Bieber da vez. Em seu site com design de gosto duvidoso, as promessas são muitas. "Se você é um grande cantor sem nenhum material e quer ser descoberto, Ark Music Factory está procurando por você". O mesmo vale para "artistas underground sem contrato" e "dançarinos e ótimos DJs". Sempre cabe mais um no barco musical capitaneado pelos produtores Clarence Jey e Patrice Wilson, o rapper de aluguel mostrado no clipe de Rebecca, que abre a música repetindo o nome da gravadora. Hein?

Alardeando trabalhos para a TV americana e colaborações com verdadeiros astros pop como Miley Cyrus, Backstreet Boys e Ashley Tisdale, de "High School Musical", Jey e Wilson se encarregam de escrever um "hit" adolescente, gravar a canção que, em geral, foca na tríade adolescente festa-paixonite-pé na bunda, rodar o clipe e lançá-lo na web de onde o aspirante a popstar será revelado para o mundo da fama. Mas não pense que o investimento é de risco: o orçamento da empreitada é proveniente dos bolsos dos pais das pretensas estrelas infanto-juvenis.

Jey, que tem apenas 60 seguidores no Twitter e cujas canções não passaram das mil audições no MySpace - pouco para quem tem a internet como principal plataforma de trabalho -, aponta como seus maiores feitos o trabalho com a australiana Samantha Lombardi e a americana Cindy Santini. Mas enquanto uma teve 6 mil, a outra amargou apenas 4 mil exibições no YouTube. Rebecca Black, mesmo que pelo viés da zoação, ficou mais conhecida mundo afora, conquistando em poucos dias a visilidade que muito peixe grande de hoje demorou anos para conseguir.

Mesmo assim, a dupla ainda garante ter bons contatos na indústria fonográfica, "produzindo resultados sólidos para a carreira do artista, seja um lançamento independente, um contrato com uma grande gravadora ou a oportunidade de licenciar material para cinema ou TV". A Ark Music Factory foi oficialmente lançada com uma "festa de gala" em fevereiro - um megashow de talentos com direito a tapete vermelho, limousines na porta e presença dos artistas da companhia. Em suma, os produtores almejam ser os novos Jay-Z através da descoberta de sua própria Rihanna ou Beyoncé, mas o sucesso verdadeiro e "sólido" parece ainda estar distante.

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